
Bancada evangélica busca atrasar legalização dos jogos de azar.
O projeto já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados em 2022, mas encontrou forte resistência no Senado. Parlamentares conservadores e movimentos sociais conseguiram adiar a discussão repetidas vezes. Nas últimas semanas, a bancada evangélica e outros parlamentares conservadores trabalharam intensamente para influenciar os votos dos senadores e barrar a aprovação do projeto.
A bancada evangélica no Senado busca retardar a tramitação da legalização dos jogos de azar, contando com o apoio de igrejas de várias denominações que se opõem fortemente ao texto que autoriza o funcionamento de cassinos e bingos, além de legalizar o jogo do bicho e permitir apostas em corridas de cavalos.
De acordo com o senador Eduardo Girão (Novo-CE), o projeto pode ainda tramitar por até três comissões antes de chegar ao plenário do Senado: as comissões de Assuntos Econômicos, Direitos Humanos e Segurança Pública. Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da frente evangélica na Casa, apresentou um requerimento para a realização de uma audiência pública a fim de discutir o tema mais amplamente.
A bancada evangélica argumenta que a legalização dos jogos de azar pode acarretar sérios problemas sociais, como o aumento dos casos de ludopatia (vício em jogos de azar) e falências financeiras. Além disso, eles apontam para o risco de que a legalização facilite a lavagem de dinheiro, um problema que já preocupa as autoridades.
O senador Magno Malta expressou sua indignação em entrevista à Gazeta do Povo, classificando como "revoltante" ver senadores defendendo a legalização dos jogos de azar no Brasil. Para ele, essa medida traria apenas "malefícios" para a população, e o argumento de que a legalização impulsionaria o crescimento econômico seria uma “falácia”.
A posição da bancada evangélica reflete uma preocupação profunda com os efeitos sociais e econômicos da legalização dos jogos de azar. Eles citam estudos e exemplos internacionais que mostram como a liberação desses jogos pode levar a um aumento no número de pessoas com problemas de vício em jogos de azar, o que, por sua vez, pode resultar em desestruturação familiar, aumento da criminalidade e outros problemas sociais.
Por fim, enquanto isso, os defensores do projeto argumentam que a regulamentação dos jogos de azar poderia gerar receitas significativas para o governo através da tributação, além de criar empregos e fomentar o turismo. Eles também acreditam que a regulamentação poderia trazer maior controle e transparência ao setor, reduzindo a ilegalidade e os crimes associados aos jogos de azar.